quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Como tudo começou

Então, resolvi fazer esse blog não só pra mim, mas pra você, Dona Maricotas, saber como foi sua vida mesmo antes mesmo da sua primeira respiração fora da minha pancinha. Ah sim, espero não te chatear com isso, mas decidi por agora me referir a você como elA, ainda sabendo que quem escolherá seu gênero será você mesma... Acho que não tem problemas, né?! Você deve saber que a mamãe sempre irá respeitar suas opções pessoais!
Olha só eu te esperando há 5 meses!

Começo dizendo que escolher te deixar nascer não foi fácil. Hoje, aos 6 meses de vida intra-uterina (27 semanas, pra ser específica), você já é completamente querida, mas te digo que não foi sempre assim...
Primeiro de tudo: eu sou muito nova. Tá certo, com 25 anos não se é mais adolescente!, mas no meu caso, sem um diploma, um emprego e um plano concreto de vida, sim, posso dizer que estava nova demais pra sequer pensar nisso! Segundo, pesou o fato de que eu nunca curti a ideia de ter filhes. Achava que, pra isso, era necessária uma auto-anulação que eu não acreditava estar disposta a pagar e, além disso, tenho medo de crianças - sim, ainda tenho, mas, agora vendo de um diferente ângulo, com você eu poderei expor meus limites, te explicar o que acho que deve ser explicado e tudo isso sem medo de uma repressão de autoridade, entende?! Agora a cria será minha! E quanto à parte da auto-anulação, isso ainda é algo que me apavora, mas a imagem do seu rostinho sorridente costuma me acalmar um bocado quando a coisa aperta.

Tá, e quando foi que esse medo se tornou menor do que a vontade de te ter?
Não sei dizer exatamente... só sei que foi menos de duas semanas após saber da sua existência.

O lance é que eu já estava bem confusa por conta de outros fatores naquela época. Tinha acabado de terminar um namoro de uma forma horrorosa com um cara que eu infelizmente amava muito (seu pai), e foi simplesmente devastador. Foi, não, ainda está sendo. Sei que isso não faz nada bem pra sua saúde, mas a verdade é que essa decepção amorosa me deixou destruída! Estou tendo que lidar com uma vida inteira de medo do abandono, do descaso, de deslealdade...

Anyway, tudo começou numa bela sexta-feira, 6 de abril se não me engano, em que acordei blérg. Estava com uma leve ressaca, me sentindo mal pela noite anterior (noite aquela em que se conclui que pisar fora de casa foi a pior decisão), mas tomei um banho e resolvi sair de novo, já que a linda da tia Patinha tava em Brasília. Estávamos as duas conversando sobre as nossas dores no coração quando, já com algumas cervejas na cabeça, percebi que de fato tinha algo estranho com o meu corpo, e de acordo com as minhas não-muito-exatas contas, minha menstruação estava atrasada. Fiquei um pouco preocupada, mas tentei relaxar, afinal tinha tomado a pílula do dia seguinte e é normal ela dar uma bagunçada nas coisas, né?! O problema é que, no meio da madrugada, depois de algumas vodkas, a coisa foi batendo cada vez com mais força. Liguei pro tal ex e pedi por uma conversa. A ideia era que, já que as chances daquilo também ser "culpa" dele eram grandes, ele seria a melhor pessoa pra me acompanhar num intencionado "aliviador" exame.
Viramos a noite nesse papo e decidimos que faríamos logo o de sangue, mas como eu tenho pânico de veia, acabei enrolando por alguns dias e não fui fazer o bendito. Só na quarta-feira da semana seguinte que tomei forças, mas foi da pior forma possível: depois de uma deprimente briga com o dito-cujo. Sozinha e arrasada comprei um teste de farmácia.
Positivo em menos de cinco segundos. Quando vi as duas linhas rosas, minha vontade era gritar, mas apenas lacrimejei. Avisei a sua vó e pedi pra que ela comprasse mais exames, pois aquilo TINHA que estar errado! Mandei mensagem pro tal, e ela foi ignorada. Mais tarde liguei pra amada tia Pops e pro tio Fred e marquei um barzinho pra espairecer e desabafar. Tentava negar a realidade, mas ela estava mais do que clara ali. No dia seguinte acordei e já fui direto pro banheiro fazer o outro teste que minha mãe tinha comprado, e o resultado saiu tão rápido quanto o do dia anterior. Eu estava mesmo prenha, e agora?
O bonitinho não atendia as minhas ligações e o jeito era fazer o exame de sangue acompanhada da minha mãe mesmo. O resultado sairia algumas horas depois. Já lá pelas 21h, eis que a belezura me liga e resolve conversar comigo de novo. Ele queria ver o resultado, mas como eu só poderia pegá-lo pela internet e ele não tinha acesso na casa dele, o trouxe pra cá e vimos juntos. Positivíssimo.

Provavelmente levados pela emoção do momento, decidimos naquela hora que deveríamos ficar juntos e resolver o que seria feito. Ele claramente queria o aborto, mas na minha cabeça a coisa estava mais confusa do que nunca. Não estava preparada pra ser mãe, menos ainda pra abrir mão da nova vida que me era apresentada. Foi naquela noite de quinta que me veio pela primeira vez à cabeça a sua risada.

Os dias foram passando, os problemas de relacionamento com o tal foram nos sufocando, o pavor da responsabilidade foi me tirando o sono, mas ainda assim eu me sentia cada vez mais propensa a escolher por você, mesmo percebendo que teria que lidar com isso sozinha (ok, nem tão sozinha, pois dona Carmen fez questão de mostrar que estaria ao meu lado o tempo todo). E então foi dito e feito, quando decidi de vez que você ficaria, contei pra ele, que depois de mais uma discussão foi embora. Naquela mesma noite toquei minha barriga e finalmente me senti acompanhada.

E foi assim, minha garotinha, uma coisa meio sem pé nem cabeça, que eu notei que minha vida já tinha virado do avesso. Não existe arrependimento, pois como já disse aqui, hoje você JÁ É minha bebê amada. Desde então vivo uma montanha-russa emocional, com dias de breu e outros de luz.
Peço desculpas por tantos momentos que nos expus à dor, mas entenda que ainda estou no processo de virar duas. Sei que nessa jornada já fiz escolhas ruins, e te dou certeza que farei muito mais pelos próximos anos, mas saiba que, por mais que algumas dúvidas ainda me tomem, a certeza que te quero bem não me deixa nem por um segundo!

Com amor,
Mamãe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário